terça-feira, 30 de junho de 2009

UM SONHO DE RAINHA

Soledad Montoya, espanhola e linda. Sempre dona de um sorriso. Vestida num vestido vermelho e preto, cabelos longos, ondulados e doces. Era assim que se vestia Soledad Montoya.
Menina formosa, mulher misteriosa. Desde cedo assanhou rapazes. Desde cedo cobiçou mulheres. No vilarejo de ruas vazias e poeirentas, povoado de mexericos e homens bêbados, Soledad formou-se rapariga dona de invejáveis prazeres. Cresceu em meio ao porre e putaria de sobrenome. Vingou linda e selvagem criatura, cheirando a feno e dormindo celeiros.
Vestiu sempre vermelho e preto, combinando com o cabelo. Rodava saias e castanholas num bar cheio de mofos bêbados.
Foi assim que criou mágoa e veneno. Foi assim que perguntou o final daqueles pátios de infância, tão doces e ternos. Pátios brincados de castanholas com meninas iguais a ela. Onde estão aquelas crianças dos sonhos de Soledad ? Esconderam-se nos celeiros onde seus sonhos de menina estupraram na saudade. Ficaram misturados no feno que serviu de cama ao seu desalento. Só restou o mesmo rio de infância pra lavar seu desgosto de mulher vadia, que um dia sonhou em ser rainha.
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quarta-feira, 24 de junho de 2009

MIGALHAS

To irritada, aceito migalhas
Como pombos na praça
Contentam tão pouco
Mendigo emoções retalhadas

Cato migalhas no chão
Vou na contramão
Retalhos de paixão
Sobras de ilusão

Beijo sapos retardados
Que viram cacos disfarçados
Sonho borrado, sonho acordado
Sufoco choro amarrotado

Levanto do poço sem fundo
Desnuda e descalça
Corpo inerte que sobe
Enxerga a luz e decola

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segunda-feira, 22 de junho de 2009

DOMINGO SEQUELADO

(site 1000 Imagens)
Aí...final de domingo, gosto de ressaca de vinho
Roubado um carinho acanhado, hoje com gosto de perdido
Frustrada tentativa, rosto de quero esquecer
Sentindo um vazio completo, sequelas de amarga ilusão.

Noite acordada, tentando o nada
Enorme vazio preenchido com gosto das sequelas
Pareço sem força, tentativa forçada
Tento arrancar um amor que não existe e resiste

Domingo, melhor dia pra pensar e ninguém gosta
Hoje não quero fugir, quero encarar esta dor
Vestir a realidade do falso que eu mesma construí
Quero fugir pra dentro de mim, segurar minha mão

Largar essa mão que não é minha, olhar meus olhos
Encarar meu pranto e no meu canto, chorar
To com gosto de mal dormir, falido e acordado
Cai de boca no chão, quebrei os copos

Gosto de domingo acabado na lembrança
Um olhar que foge do meu e me cansa
Sentimento com gosto de canção errada
Esse tédio me amofina e lá vem a segunda
(quem sabe amanhã fico melhor)
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quinta-feira, 18 de junho de 2009

LOUCA COMO UMA FLOR

(imagem: Lídia)
Conheci uma louca, desvairada e meiga criatura
que da net saiu como doidos versos e inversos
Saiu da jaula das loucas numa pureza que dá medo
Encantada criatura, indefinida escrita que me espanta

Leio seus loucos e sensatos versos como aprendiz
Como não amar pessoa assim
Irônica, malvada e docemente meiga
Escreve versos como quem vive e reviravolta

Revira tudo e todos, até ela
Come livros estranhos e pão com mortadela
Sua timidez briga como fera enjaulada
Escreve impropérios e doces romances

Linda alma não descoberta pelos idiotas
que machucaram tão meiga donzela
Feito águia protege sua cria
Feito fera mata quem machuca
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quarta-feira, 17 de junho de 2009

QUARTA?

(site 1000 Imagens)
Sendo quarta, pulei a terça. E a segunda, é esta aí de baixo. Nublada, não mormacenta igual segunda.
Quase zen esta quarta. Me escondo dentro, através de Enya busco em mim a quinta.
Profanos pensamentos, beirando o angelical.
Quarta perfeita pra mergulhar. Silencio em mim mesma. Não ouço resposta que busco, ainda?? Me escondo no trabalho, que mais atrapalho. Que rua calma esta minha, me deixa nervosa esse movimento. Bons vizinhos, quase invisíveis e tão previsíveis. Continuo mergulhando e acendo um cigarro. Afogo um pensamento, porque não posso. Meu cachorro me faz companhia, fiel amigo.
Enya também, só que cobra.
Daí vem outro cigarro, preciso parar.
Vai uma aspirina pra aliviar a dor de cabeça, dói pensar. Um gole d’água pra matar. Movimento isso!
Tá fechando um ciclo.
Ah, tenho que olhar o saldo bancário, mas não vai fazer diferença..a cor é igual o de segunda
E o frio sobe as minhas pernas, puta merda. Preciso de movimento pra esquentar. Almoço, descanso, cafezinho.. lembrei segunda passada ou foi terça que vem..
À tarde, releiam...tirando o almoço.
Amanhã?

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segunda-feira, 15 de junho de 2009

SEGUNDA DE HOJE

(site 1000 Imagens)
Eita, que segunda-feira é um tédio só. Mormacenta. Sei lá por que, podem ser os bons ou os maus presságios da semana. Pode ser porque o final de semana tenha sido igual a todos os outros anteriores. Mas, também pode ser porque eu não tenha encontrado nenhum botão de rosa no meu jardim.
Até o Garfield odeia a segunda. Porque não eu e toda torcida do Flamengo.
Parece dia sem fim, sem rumo e, pior, sem prumo.
Sei lá o que faço ou desfaço, só sei que num período de 24 horas fico inerte. Quase uma inércia. Suspensa no ar como se fosse um balão, desses de parque de diversão. Voando em pensamentos fugidos de mim, escapados e escarrados. Quase uma fumaça que solta delírios contidos, enrustidos e entupidos de segunda-feira.
Acordei, tomei café, tentei trabalhar, almocei, tentei trabalhar de novo, atendi telefone, voltei a tentar, sai e voltei. Vou dormir.
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SOLIDÃO DA NOITE

(site 1000 Imagens)
Hora da solidão
onde os ponteiros se misturam
e não se importam.
Onde por mais juntos
se está só.

Onde até o silêncio se assusta com o silêncio,
todos dormem.
E o silêncio me mata
e o medo se assusta.

Onde só o cigarro acompanha
e as lembranças do medo
e da noite, se misturam..
E o sono me vence.
(anos 90)
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sexta-feira, 12 de junho de 2009

DEIXA

Não acredite só naquilo que teus olhos enxergam
eles te enganam, eles te iludem e mentem
Acredita na tua alma, no teu peito
a dor te mostra o caminho certo.

Berro minha alma e meu peito
mas berro pra dentro
Converso comigo e carrego malas de ilusão
Acredito na pureza dos outros
e berro sozinha por isso.

Deixo pra trás valores e sabores
da dor que sinto no ventre
dos amores que deixei pra trás
Não acreditei em mim
e deixei o peito doer

E agora, no rascunho deixo meu cunho,
deixo minha dor, meu odor
Vejo que horror eu fiz e desfiz
embriagado com a dor

Me deixa lembrar
aquilo que quero deixar
aquilo que odeio lembrar
Tudo que não consigo esquecer.

Deixa esquecer o que não consigo lembrar
Deixa lembrar aquilo que esqueci
Me deixa em paz.
(Texto anos 90)
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terça-feira, 9 de junho de 2009

ME DESNUDO

É no banho que me tremo, me palpito
Porque se nua estou desvestida de mim mesma
assim como nasci, porque a vergonha me assusta
foi ali que tudo começou..ou terminou.

Ali nua, sendo lavada e esfregada pelo meu interior
Ele me acusa. Me abusa. Porque deixei. Me envergonhei.
Não tive culpa. Foi opção, foi tesão. Foi lamento.
A água escorre o lamento, lava...leva. Decora meu corpo.

Medo de ser lavada ou levada, de ser nua
Nua eu vim da água, ela me sufoca...me veste de lua
Água que sufoca e enforca, me traduz no umbigo
Me arranca da pele, a água quente me derrete

E inverte minha pele do avesso, e travesso meu nu
Umbigo amarrado no pescoço, desamarro na água
Morna me assusta fechada ali, como se fossem amarras
de ferro, que me arranca pra vida e me prende no banho
.
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sexta-feira, 5 de junho de 2009

MALDITO ANJO

(site 1000 Imagens)
Vejo luz em teus olhos como se visse
a paz dos anjos voando ao teu redor
Vejo contornos deixando-te sedas e pétalas
provavelmente sejam os mesmos anjos que te cortejam

Transei com anjos, dormi com o diabo
chorei teu corpo e supliquei teus amores
Abandonei meu corpo em busca do teu
e, ateu, derramei odores e queimei no inferno

Danadas ancas que dormi e que da janela me atirei
insanas noites acordei e cheirei odores que transei
Vejo os mesmos contornos deixando-te louca, desvairada,
quem sabe apática

Sublime paixão, maldita tesão
e no chão, nua, me vejo sozinha a chorar
e, os anjos, a observar
tamanha paixão derramada no chão

Belo sol que amanhece agora
que me vê pendurada na janela
Um raio insinua uma ponta de esperança
no canto da minha cama
trocando aquele mesmo anjo pelo meu chorar.
(escrito em 1996...acho)


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quinta-feira, 4 de junho de 2009

AMIGO CORAÇÃO

Me deixa quietinha hoje
Preciso consolar meu amigo coração
Ele tá chorando, lhe darei meu ombro
Todo amigo precisa, ele me pediu ajuda

Parece uma criança, meu amigo coração
Vou embalar seu choro, pegar no colo
Acarinhar sua dor, ele não tinha noção
Arrisca, carrega também a adolescência

Quer ficar sozinho, dentro do meu peito
Só eu e ele, me ouvir... e eu a ele
Temos muito do que sentir... silêncio
Quietinho coração.. pulsa só tua dor

Vou te aconchegar aqui no peito
Te guardar junto com a lembrança
Da dor e do amor, que não em vão
Fez você chorar, deixa eu segurar a tua mão

Êta coraçãozinho vagabundo e teimoso...
Te desprende de mim como se fosse dono
Vamos ver quem manda aqui, porra louca
Não me subestime com frases feitas, fico puta...
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terça-feira, 2 de junho de 2009

ESSA CANÇÃO NÃO É MINHA

(imagem: Lídia)
Meus olhos nunca te mentiram
Não compare o que sinto com um grão
Meus passos sempre foram em tua direção
Não transforme tudo isso em vão

Você viu minha alma, meu coração
Te entreguei junto a lua e nua
despi meus passos e peguei na tua mão
No teu corpo perdi o meu

No teu beijo, beijei tua alma
E não tem vento que leve isso
Não tem rua que atropele
Não tem canção que não revele

No perfil não encaixa meu coração
Nem eu e você nessa canção
Meu sorriso, minhas mãos e meu discurso
são os mesmos, nada mudou com esse grão.
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segunda-feira, 1 de junho de 2009

ESCOLHAS

(imagem: Lídia)
Elas fazem isso com a gente, nos deixam de lado às vezes
escolhemos o certo pelo errado ou o vide-verso
contamos com a sorte, acreditamos que o inverso seja o certo
fica um vazio de abandono, estrada sem rumo... sem prumo.

Quando você já decide que a escolha é errada, você acertou
a volta... só o tempo dirá se ainda tem
a porta... essa muda de lugar, procura outras mãos pra abrir
a pipa se solta ao vento, ela escolhe aonde quer ir.

Deixo livre a escolha não imponho, não quero metades
Não se mistura duas cabeças numa pessoa só, daí a escolha
Até a lua escolheu não aparecer..não quis ver
Até tua voz me falta, escolhi não ouvir... Minha escolha.

Dela, já sabia que seria tua evidente escolha
Fingi ser a tua, enganei que teria tempo atrás da porta
Perdoa a minha, porque deixei você escolher
Perdoa a minha escolha de não te deixar mais partir.


"pois então vai...vc sabe voar de volta pra mim."





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