quinta-feira, 22 de julho de 2010

REFAZENDO AS GAVETAS

Texto escrito enquanto abria as gavetas físicas de minha casa, fato que ocasionou a abertura de praticamente todas as minhas gavetas internas. E isso, me fez viajar por todas as estações que passei até hoje. Foi uma viagem solitária, mas recheada de lembranças que já nem lembrava. Como se fosse um filme, revi quase toda minha vida. Foi um momento de recolhimento necessário em que quase abandonei meu blog, agora reconstruída retomo aos meus escritos e a importante companhia de vocês. É o recomeço de uma nova jornada em que assistiremos juntos em que o meu vôo me transmutou.

Vamos ao texto:

Não pensei que eram tantas muito menos que fossem tão profundas as gavetas da minha casa. Há dias estou abrindo e limpando gavetas, armários e afins.

As gavetas me engoliram, me sugaram. Por isso, quase não tenho vindo aqui. Fui tão completamente sugada por elas que lá fiquei, só sentindo. Cai de boca nas gavetas e revejo minha vida em papéis amassados, bilhetes de amor que já foram, contas que paguei, desenhos de crianças que já cresceram, bijuterias envelhecidas, uma história de vida que nem lembrava mais.
As mudanças que falei incluem casa e profissão. São demais, mas necessárias. De tempos em tempos isto ocorre em mim, viro a mesa e reviro gavetas. E, nessa limpeza que faço parece que revejo minha vida quadro-a quadro através das gavetas, como se fosse um filme.

Fui obrigada a convidar a solidão pra me ajudar, só ela podia me acompanhar nessa excursão. Já chorei e já sorri, a nostalgia das lembranças são pesadas às vezes. Outras, nem tanto, se apegam na alma e embalam recordações de uma existência vista e revista com o carinho da vida que vivi.

 
Revejo uma bagagem de causar inveja naqueles que não se permitem sentir. Eu sinto e vivo aquilo que sou e minhas gavetas estão despejando as lembranças agora em mim. Que vivência linda encontro nelas e orgulhosa me desfaço de algumas que já passaram do tempo de validade para dar lugar às outras que me atropelam nessa virada.


Faço tudo isso sozinha porque são minhas as lembranças, a quem elas me lembram o carinho me invade e emana a emoção de ter vivido. A dor que às vezes sinto é adocicada pelo desgaste do tempo. Vale apenas o ter vivido e isto estou separando uma a uma pra levar pra casa nova. Estou separando os pedaços de minha vida em caixinhas, escolhendo as que levo das que me despeço.
Deixo algumas na casa velha que não é minha, pra que tenha espaço pra outras na nova morada. Retorno ao que me faz feliz, trazer de volta a jornalista que sou. É mais que um pulo onde sei que o pára-quedas vai abrir. Tenho me despido de mim mesma, arrancando a pele velha para que a outra me substitua. A cada gaveta que limpo sai um pedaço, são partes desnecessárias ao novo caminho.

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 Arranco a própria pele e nua de mim refaço minha alma. Despida do velho pra que o novo me chegue. Quero novas e limpas gavetas pra meu novo recomeço.Desfazer-se dos pedaços é como arrancar a pele pra que outra me revista e então sair do casulo e poder dar a vida a uma nova borboleta.

PS: peço desculpas aos amigos que comentaram aqui e não respondi, minhas gavetas me engoliram...
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sexta-feira, 2 de julho de 2010

QUERIDOS AMIGOS

Tenho vindo muito pouco aqui em função da minha mudança de casa (ficou linda!). Pior que isso, não tenho visitado vocês.
Na minha exaustiva limpeza e organização encontrei este pequeno papel aí de cima e fiz questão de escanear e postar. A frase reflete muito bem o que está se passando comigo nas "mudanças" a que me propus. Já usei a mesma frase em outros saturnaços da vida e que não foram poucos. Coincidentemente o achei escondidinho em algum lugar e me caiu muito bem para o momento atual.
A mudança de casa ocorre neste domingo e amanhã já fico sem net. Voltarei assim que me encontrar entre as caixas na nova morada, extremamente feliz e cheia dos escritos sobre as coisas que encontrei nas minhas gavetas.
Jesus... foi mais de um mês em retiro total com minhas lembranças. A vida é maravilhosa!!
Bjus a todos.
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