Tenho um jeito faceiro de
ser, um tanto fagueiro. Não me escondo atrás de mim, prefiro mostrar meu ser por
inteiro. Há os que gostam, mas aos que não gostam não peço licença. Passo reto e batido.
Já causei estragos e os
trago bem perto aqui no peito. Escondo alguns pudores por pura conveniência, outros escancaro como tapa na cara.
De lágrimas não tenho
vergonha, elas pulam com muita facilidade dos meus olhos. Pouca paciência eu
tenho, mesmo assim a chamo de oriental.
Tem que ser pra ontem,
cutuca-me o imediatismo.
Ah.. mas tenho uma timidez
que poucos acreditam, quase nem eu, mas tenho e é de uma profunda
sem-vergonhice. Falo de anjos enquanto a pomba-gira me toma e arrasta meu corpo
pra cama.
Meus pânicos, eu mesma crio.
Já fui dos céus ao inferno em questão de segundos, cheguei sentir o gosto do
coração. Falando nele, não passa de um senhor muito vagabundo apesar da idade.
Volúvel e inquieto apaixona-se muito facilmente, em compensação sabe sofrer
como um condenado a morte. Caracteriza-se por sua leviandade em conluio com a
lua, não pode ver uma. Cheia ou minguante, o safado se desmancha em poemas de
amor e promessas de eternidade.
Tenho mãos bonitas e
safadas, tão inquietas que não conseguem sossegar no corpo. Exploram muito além do permitido, sem medo de
serem autuadas em flagrante delito.
E os pés? Esses são
revoltados e sem direção. Pisam forte, caminhos delicados e tropeçam ao mais
leve declive encontrado. Levam meu corpo, onde às vezes, nem quero ir. Falando
em corpo, este meio infantil, gosta muito de brincar brincadeiras sutilmente
safadas, enquanto reza por um delicado abraço.
Os olhos, a janela da alma,
predizem coisas que até Deus duvida. Safados e gentis deixam escapar meus mais
íntimos desejos, contradiz o que minha boca deixa escapar. Por eles, revelo
segredos que nem a mim segredei.
São fofoqueiros, límpidos e
fagueiros. A luz que neles habita é a tradução mais fiel da minha alma. Deixo
por eles derramar minha dissoluta vergonha, meu mais infame desejo, minha cura
maior, meu espelho em eco, meus mais singelos sentimentos, minha honestidade de
vida, meus parâmetros, meus limites, o que meu corpo deseja e tudo que minha
alma esconde.
Minha pessoa é o que é, e
ponto (de exclamação)!
Lídia S. Brum.
Plágio é crime!
Lídia S. Brum.
Plágio é crime!