terça-feira, 30 de junho de 2009

UM SONHO DE RAINHA

Soledad Montoya, espanhola e linda. Sempre dona de um sorriso. Vestida num vestido vermelho e preto, cabelos longos, ondulados e doces. Era assim que se vestia Soledad Montoya.
Menina formosa, mulher misteriosa. Desde cedo assanhou rapazes. Desde cedo cobiçou mulheres. No vilarejo de ruas vazias e poeirentas, povoado de mexericos e homens bêbados, Soledad formou-se rapariga dona de invejáveis prazeres. Cresceu em meio ao porre e putaria de sobrenome. Vingou linda e selvagem criatura, cheirando a feno e dormindo celeiros.
Vestiu sempre vermelho e preto, combinando com o cabelo. Rodava saias e castanholas num bar cheio de mofos bêbados.
Foi assim que criou mágoa e veneno. Foi assim que perguntou o final daqueles pátios de infância, tão doces e ternos. Pátios brincados de castanholas com meninas iguais a ela. Onde estão aquelas crianças dos sonhos de Soledad ? Esconderam-se nos celeiros onde seus sonhos de menina estupraram na saudade. Ficaram misturados no feno que serviu de cama ao seu desalento. Só restou o mesmo rio de infância pra lavar seu desgosto de mulher vadia, que um dia sonhou em ser rainha.
Leia Mais ►