sábado, 19 de fevereiro de 2011

No Meu Tempo...

Nossa cultura é baseada no vigor da juventude, esquecendo que o saber está no amadurecimento. Somos culpados em utilizar tal termo.
Nosso tempo é nossa vida de cabo a rabo, sem importar a idade ou a fase.
Somos predestinados culturalmente a basear nossas vidas a nossa juventude física. Besteira de propaganda enganosa. Meu tempo é minha vida transgredida ou não, é o meu pensar sem se dar conta do meu corpo, a sabedoria adquirida, sem as amarras do meu tempo.
Somos culpados por isso, “mea culpa minha máxima culpa”. São valores que mudam todo dia, valorizam o corpo jovem em detrimento do velho, como nos comerciais de carros potentes. Correm mais, mas não sabem a hora exata de frear. Muito menos têm conhecimento da troca de marcha.
Quando comecei a usar a bendita expressão, me senti uma verdadeira “tia”.  Assim, como nos chamam no semáforo (pra quem não é do tempo: sinaleira, sinal...).  Pior ainda, quando aqueles vendedores mais velhos também te chamam de tia. Respondo que ele não é filho do meu irmão.
Observem vocês também, lá pelos seus 30 anos começamos a falar assim. Insistimos em dizer que o nosso tempo já passou, estamos na reta final, na prorrogação, nos juros, na rebarba, somos adultos e como tal excluímos a juventude e a irreverência de nossas vidas. Malditos protótipos criados na televisão, internet e comerciais reverenciando a juventude como modo de vida.
Pior de tudo, é que aceitamos passivamente que nosso tempo já passou.
Também faço o mesmo, também sou culpada. Porque tenho que restringir minha vida dos 12 aos 29 anos como vida vivida e curtida, em plena juventude.
Hoje com 53 (aff) meu tempo ainda existe e persiste. Meu tempo, minha época é o agora e não abro mão disso. Porque vou dizer que já passou se ainda estou aqui, amando, aprontando, sonhando, viajando, curtindo, escrevendo, indagando, deprimindo, questionando, revoltando, brigando e ainda culpando meus pais por coisas que sou hoje (não merecem!),
Sabe qual é a diferença? É que descobrimos ter o poder da escolha (nem sempre a certa), mas a possuímos. Quanto mais velhos ficamos, mais medrosos nos tornamos. O que temos hoje é inveja de não podermos nos atirar num vôo, sem se preocupar em como vamos aterrissar.
Somos suficientemente maduros para escolher, mas não para se arriscar. Pensamos demais nas conseqüências, por isso dizemos “no nosso tempo”, porque lá nós vivíamos a vida como realmente deve ser vivida. Ou seja...
Sem medo de ser feliz.
Nosso tempo é o agora...
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