quarta-feira, 9 de setembro de 2009

PERDAS E DANOS (um desabafo)

Caracas, só dizendo assim. Sabe quando se perde o chão, o norte, a referência? Pois então, eu não sabia o que era isso. Ela estava ali o tempo todo. Podia não ver, não ouvir mas tinha certeza daquela presença na minha vida. O tempo todo se preocupando comigo, não dormindo.
Que saco, pensava, tais cobranças: veste o casaco...vai esfriar; leva o guarda-chuva...vai chover; te alimenta....tá magrinha (e eu gorda); não bebe....tu diriges; dorme cedo...tu trabalhas. Resumindo: te cuida minha filha!!
Muito mais forte do que jamais imaginei ouvir este... ”minha filha”. Sinto falta.
Aconchego e proteção. Faz a gente saber de onde veio.
Cara, a gente se perde. Não imaginava que o vazio era tão vazio. Há aqueles que não sentem tanto, mas há aqueles que como eu perdem o rumo mesmo.
Meiga como uma rosa e austera como uma matriarca. Silenciosa, mas falava bem no olhar. Tinha suas razões na própria razão da vida.
Dá uma tristeza as vezes que nem sei explicar, uma saudade que dói na alma.
Das lembranças tiro o afago, da imagem uma onda de prazer por ser tua filha.
E que filha, daquelas que hoje sente culpa por não ter sido mais do que deveria ter sido. Mas, também daquelas que lembra como se fosse uma canção de ninar. Ah...teu abraço, teu beijo tímido.
To tão triste hoje. Choro pela tremenda falta que tu me faz, a falta de referência, dos teus olhos enxergando tua cria.
Quero teu colo, teu abraço, teu beijo, tua preocupação comigo e aquele telefonema pedindo minha presença.
Aquela que não te deu o suficiente. Tarde pra isso...
Ah mãe... se eu soubesse. Teria te dado mais o meu amor, mais presença, mais ouvidos, mais abraços e mais filha. Perdi minha ligação umbilical, meu norte, referência de mulher forte, de amor incondicional, enfim... ti perdi. 

Uma ursa panda, espécie em extinção, minha mãe. Falo mais outro dia, hoje só choraria. Considerem isto como um desabafo. A poesia era ela.
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