sábado, 19 de maio de 2012

Desapego


Difícil e doloroso. Especialmente pra mim, que apesar dos anos ainda não pratico isso muito bem. O desapego é uma pratica saudável e necessária, porque ninguém consegue carregar tanta bagagem ao longo de sua existência.
Nossas experiências são nossas vidas. Aprendemos, sofremos, somos felizes, construímos, amamos, desamamos, compramos, criamos filhos, amores e amigos, e assim vida afora. Colecionamos objetos e sentimentos em nossas gavetinhas empoeiradas pelo tempo. Não que todas as pessoas sejam assim como eu, existem aqueles mais práticos e objetivos que não se prendem muito a isso, conseguem livrar-se dos conteúdos indesejáveis conforme vão vivendo. Sinto uma certa inveja dessas pessoas que praticam o desapego como quem troca de roupa. 
Tão mais fácil viver assim.
Como carregar tudo isso num só coração? Impossível. Seria dolorido e pesado demais.
Pra que a vida seja mais leve, precisamos e devemos praticar o desapego. Não basta limpar gavetas e guarda-roupas, doar o que não mais usamos.
Confesso que tenho um problema seríssimo com o desapego, não consigo “me livrar” daquilo que amei e curti. A pessoa tem que ter muito discernimento e bom senso pra poder garimpar o que vale a pena conservar em suas gavetas ou no seu coração. Tarefa nada fácil pra mim, como já disse. Se coubesse, guardaria tudo que me foi importante, cada momento, cada amor, cada pessoa..
Desapego eficaz é aquele em que você joga fora o objeto do apego e não se lamenta depois por ter se livrado dele. O que, confesso, não é o meu caso.
Porém, parece que o dia do livramento tá chegando. Bendita terapia que tem me ajudado a colocar na balança o que deve ou não ficar guardado e em que gaveta.
São escolhas necessárias ao meu coração, organizar e priorizar quem e o que fica guardado. Livrar-me daquilo que incomoda e paralisa, organizar ou descartar aquilo que não me faz mais feliz.
Cheguei num ponto em que guardava tudo, sem seleção nem prioridade. Sem me valorizar, amava aos outros mais do que a mim. Deu né?! Então resolvi praticar o tal desapego, fazer a seleção, separar e reciclar.
Tenho pra mim, que não é tarefa fácil e indolor, pelo contrário, requer muito desprendimento e força de vontade. Pra isso, comecei a me perguntar.. isso ou aquilo me faz bem? To melhor com ou sem?
Há pessoas que já estão me estranhando, objetos que também estão se atirando das gavetas, fotografias ficando ruídas pelas traças, roupas que insisto em guardar como que esperando rejuvenescer e sapatos que me causam calos. Pra que guardar o que já não me serve mais? Apego? Medo? Perder?
Já perdi o que não era meu. Já desapeguei, só não me conformei. O medo é natural só tenho o medo do medo, o que não é normal.
Vou desapegar de mim, pra recomeçar do zero. Estou enfrentando o medo, porque cansei dele. Vou limpar gavetas e armários pra consumar o desapego. Vou me enfrentar no espelho e me dizer poucas e boas. Não vou mais aceitar entulhos e migalhas, vou me limpar de lembranças que causam dor e reivindicar o amor por mim mesma.
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